Um carro com auto-falantes percorria as rua da periferia oferecendo uma mercadoria diferente no estilo do verdureiro.
- Olha o poder!
- Você pode escolher
Tem pra todo mundo, não precisa brigar
É comprar e levar !
Uma criança ingênua, mas curiosa como toda criança, entra aos berros na cozinha daquele casebre de periferia perguntando:
- Pai o senhor já comeu poder? É gostoso ? – Eu quero!
O pai responde:
- Filho, uma coisa de cada vez.
- Primeiro, o poder não se come. Porém é muito gostoso e pode fazer muito mal às pessoas.
- Como assim pai? Interpelou o menino.
- Olha filho, existe pessoas que fazem qualquer coisa para chegarem ao poder, e pagam um alto preço por isso. Vendem uns aos outros, caluniam, traem, entregam aos tribunais, roubam e até tiram a vida do seu semelhante. O poder enlouquece as pessoas.
- Pai mas o que é poder?
- Filho, poder é a faculdade de mandar nos outros, decidir pelos outros, ter lucro com o trabalho dos outros e viver esplendorosamente enquanto os outros vivem de migalhas.
A criança fez um silêncio mórbido, descascou uma mixirica murcha da baciada que o verdureiro houvera vendido por um real, e com a boca cheia resmungou:
- Uuuuuuuuuuuuuuum!
- Entendi ! O chefe da “bocaª”, tem poder né pai?
- Sim filho. Porém o seu poder é ilícito. Pois o que ele vende vai matando as pessoas devagarzinho. Mas existe pessoas muito mais poderosas do que ele e podem decidir o futuro de alguém mesmo antes de nascer. Até mesmo decidiu quando ele ainda não tinha nem nascido, que o futuro dele teria grande chance de ser a marginalidade.
- Como assim, pai?
- Veja filho, existe pessoas que ganham muito dinheiro e o salário de seus empregados é menos do que elas gastam com o cachorrinho de estimação.
- Enquanto você passa seis meses para fazer um exame por falta de médico, o cachorro delas têm convênio, quando adoece tem atendimento personalizado, e caso o pior aconteça até plano funerário o bicho tem.
- Olha filho, digo mais: as suas melhores roupas compramos no bazar de roupas velhas da dona Maria, porém o cachorro deles vestem as melhores grifes do momento.
- Cheguei a uma triste conclusão: “O poder humaniza os bichos e coisifica os humanos”.
- Somos apenas números que influenciam na eleição, na produção e no consumo de bens de baixo custo. Pois ser pobre dá lucro aos poderosos.
- Pai, compra poder para mim. Disse o filho desiludido.
- Filho o troço é muito caro!
- Ouvi falar de alguém que para alcançar o poder teve de subir pela escada da corrupção, atravessar as janelas da fraude, descer á sala da bajulação, assentar na cadeira da mentira, assinar com a caneta da falcatrua, fazer parte da associação dos mal caráter e se aliar ao esquadrão dos traidores.
- E aí, pai, ele conseguiu chegar ao poder?
- Sim. Claro que conseguiu!
- Então valeu a pena pai. O cara agora deve ta muito bem, né...
- Sim filho. Ele está muito bem, mas ostentando duas pontes de safena, já divorciou e se casou várias vezes, é acompanhado sempre por inúmeros seguranças e bajuladores que a fim de ganhar mais denunciou o tal á uma revista de grande circulação. Agora, sem reputação, sem mulher, sem saúde e avançado em dias o MP o denunciou, a justiça mandou prendê-lo e confiscou os seus bens. Porém, dado a experiência processual do cara, já pediu "habeas corpus", com fundamentação em fatos que sabe lá se é verdade!
- Paaai!!! ... o carro do poder tá indo embora!
- Deixa ir meu filho. Pois se os tais não se arrependerem e voltar-se para Deus de toda sua alma, de todo o seu coração, reconhecendo que Cristo é o Senhor, abandonando a prática da corrup´ção como fez Zaqueu, o máximo que podem se tornar num futuro próprimo é uma estátua na praça, comida de verme no cemitério ou cinza numa caixinha qualquer. Já dizia o profeta Malaquias: “Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve. (Malaquias 3.18 http://www.chamada.com.br/biblia/index.php?pesq=malaquias+3&ver=ACRF&modo=0 ) “.
E lá se foi o carro...
- Olha o poder!
- Você pode escolher
- Tem pra todo mundo
- não precisa brigar
- É só comprar e levar...
Autor.
Jose Gildásio Pereira