Acredito que no Brasil o grande desafio no século XXI é fazer com que o negro e seus descendentes sejam reconhecidos como cidadãos brasileiros e tratados como gente, sem que seja necessário o clareamento da raça, ainda que a miscigenação no Brasil é linda e pacificadora.
Salienta-se que a suposta abolição da escravatura acontecida em 13 de maio de 1888, sem que houvesse uma contrapartida e sem nenhuma ação afirmativa de empoderamento do negro na sociedade, colocando-o na mira dos escravagista Republicanos que criaram a lei da vadiagem a qual mandava para prisão o negro que houvera sido liberto da senzala sem dinheiro, sem terra, sem teto, sem pão, sem instrução, sem dignidade, e sem conseguir trabalho como empregado.
Certo é que hoje não temos senzala mas a baixa remuneração da população afrodescendente, o difícil acesso ao ensino técnico e universitário os coloca numa condição semelhante ou em alguns casos até pior do que os aqueles dos idos de 1888, pois lá eles tinham moradia e alimentação e aqui muitos nem isso têm. Na verdade lá o chicote estalava, aqui os disparos fazem eco, enquanto que a pseuda e hipócrita isonomia propalada promove uma falsa igualdade que tem o condão de enganar os incautos e calar as vozes de quem denúncia.
Nenhum negro no STF, apenas um negro no STJ, um ou outro no congresso nacional, uma minoria nas câmaras de vereadores e assembléia legislativas, pouquíssimos prefeitos, advogados, delegados, juízes, promotores, ou seja o negro é sempre uma minoria absoluta nos cargos importantes sejam eles públicos, privados e até eclesiásticos cristãos. Mas diga-se de passagem o IBGE afirma que a maioria da população brasileira é composta por afrodescendentes.
Por causa de alguns negros que conseguiram driblar as dificuldades e alcançar um lugar ao sol, existem aqueles que afirmam que as coisas melhoraram, porém não podemos tratar a regra geral pelas exceções.
É triste, mas ainda hoje no Brasil o negro é tratado como raça inferior e muitas vezes ganha menos do que o branco desempenhando a mesma função.
Daí em 13 de maio não temos o que celebrar pois ainda hoje por falta de uma política séria o negro no Brasil ainda é maioria nas favelas, nos assentamentos, nas profissões de menor salário, no índice de analfabetos e desempregados, na fila do SUS, no índice de pessoas assassinadas e na população carcerária.
Maio/2018